Terça-feira, 19 de Dezembro de 2006
O despertar entristeceu-os, sabiam que faltavam agora apenas três horas para partir. - Tudo passou tão rápido. Diz Luisa, com aquela expressão facial de criança a quem retiram o brinquedo preferido. Miguel tenta impor racionalidade, demonstrado a inevitabilidade do regresso à pátria. - Temos de ir, foi bom, mas o que é bom acaba depressa. Ela beija-o suavemente e sugere: - E se conseguissemos emprego aqui? Já não teriamos de regressar. No último passeio pela cidade, observam e reflectem mais do que falam. A irreverência fá-los decidir com audácia e dirigem-se de táxi ao aeroporto para adiar a viagem por precaução. - Assim se não correr bem, sempre podemos regressar a casa em breve. Miguel, sempre com uma racionalidade que o caracteriza mesmo nos momentos mais difíceis. Luisa repara: olha este anúncio! Pedia-se recepcionistas para o aeroporto. Agora, mesmo sem pensar duas vezes, marcam entrevista para o dia seguinte. A funcionária que os atendeu disse que as possibilidades seriam grandes, visto que seria necessário trabalhar em contacto com espanhóis e portugueses. Como tudo parecia correr de feição, finalmente alguma sorte parecia ter-lhes surgido na vida. Com mais um dia de hotel marcado e com contactos feitos para arrendamento de apartamento, a boa execução deste plano dependia agora do sucesso da entrevista. Na véspera da entrevista, a ansiedade era grande.
Mais um momento difícil a ser partilhado por Luisa e Miguel, o que, como sempre, desperta-lhes ainda mais o amor sentido. Um abraço e um beijo profundo afastam temporariamente o stress que os absorvia, adormecendo, porém, nunca sem antes viver o amor com a mente e corpo em sintonia, irradiando uma atmosfera de fusão a todos os níveis, parecendo ser um parte do outro numa harmonia ímpar...